Poema zero
Entre o cálculo perfeito
e a concretude áspera
do cimento e dos tijolos
a nossa completa ignorância
de que a qualquer momento
esse mundo pode desabar sobre nós
e seus limites de asfalto e céu de cal
planejados pela ciência do homem
sempre aquém do movimento
das placas que sob o magma colidem
sem pulsão, sem função, por acaso
por descaso por tudo que há
de sustentado por essa ilusão
falível mas suficiente
que sustenta os prédios
que aterra os mares
que domestica átomos
que esvazia os cemitérios
conferindo à paisagem
a mudança enganadora
que movimenta a engrenagem
das engenharias e das linguagens
as verdadeiras armas que limitam
o vazio com as paredes tangíveis
que nos protegem de escorrermos
pelos sonhos mais do que pela morte
- que só ficam intactas as arestas do mundo.
Flávia!
Estou emocionado! LINDO poema! Estou sem palavras...
Amiga!!! Venho sempre no seu BLOG. Estou acompanhando! Vá no meu tb! Estou com escritos novos!!! Bjooo e vamos marcar um Boomerang, que seja! hahaha
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